VERDE QUE INSPIRA
- Linda Ebrille
- Oct 20
- 5 min read
Dicas para escolher e posicionar plantas na tua casa

Trazer a natureza para dentro de casa significa convidar calma, vitalidade e harmonia para o nosso dia a dia. Escolher as plantas certas e posicioná-las com cuidado, além de purificar o ar, pode transformar os espaços em ambientes onde a energia flui mais livremente, e cada canto respira connosco. A sua presença recorda-nos a continuidade com o mundo natural e oferece pequenos refúgios de beleza e serenidade.
No Feng Shui, plantas e flores são recomendadas para revitalizar a energia dos espaços e promover um fluxo harmonioso do ch’i. Trazer a natureza para dentro de casa é especialmente benéfico durante o inverno, quando passamos mais tempo em ambientes interiores e o contacto com o verde se torna uma verdadeira fonte de bem-estar e regeneração.
Cuidar delas com atenção e amor é fundamental, pois plantas murchas ou debilitadas podem ter efeito contrário — e sabemos como a relação com plantas pode ser complicada para alguns!
Por isso, o Feng Shui simbólico pode tornar-se um aliado valioso: mesmo quando cuidar de uma planta é um desafio diário, conhecer os significados e as energias associadas a cada espécie motiva-nos a mantê-las vivas e vigorosas. Algumas plantas tornam-se verdadeiros símbolos de bem-estar, proteção e prosperidade, transformando o nosso cuidado num gesto consciente de harmonia para a casa e para nós próprios.
A famosa Crassula ovata, por exemplo, com as suas folhas arredondadas, simboliza a expansão da prosperidade; enquanto a Sansevieria (ou Espada de São Jorge) é considerada um símbolo de proteção. O Philodendron Scandens, também conhecido como Heartleaf Philodendron pelas suas folhas em forma de coração, vem da América tropical e acrescenta um toque de conforto elegante a qualquer ambiente, sendo fácil de cuidar.

Graças à sua ação purificadora, as plantas são extremamente úteis nas nossas casas.Mesmo quando nos lembramos de desligar os aparelhos da tomada e manter os telemóveis fora do quarto durante o sono, a poluição eletromagnética não é o único agente contaminante. Nesse caso, entram em ação plantas como Pachycereus pringlei (Cacto Mexicano), Tillandsia e Ficus benjamina.
A Tillandsia, aliás, é uma planta verdadeiramente extraordinária! Consegue captar e “digerir” poluentes. Vive apenas do ar e necessita apenas de uma leve pulverização de água. Além de beneficiar da humidade, as Tillandsias também absorvem os poluentes presentes no pó atmosférico, sendo especialmente úteis como bioindicadores — em particular aqueles derivados da combustão incompleta de gasolina e gasóleo, suspeitos de terem efeitos cancerígenos.
Para melhorar a qualidade do ar que respiramos, podemos introduzir em casa as nossas amigas plantas, capazes de neutralizar compostos orgânicos voláteis (VOCs).
Para quem vive em centros urbanos, benzeno e tolueno são poluentes que devem ser controlados. Podem ser combatidos com plantas como Sansevieria, Philodendron, Pothos, Ficus ou Aloe Vera. Outro composto a ter atenção é o xileno — uma mistura de substâncias químicas irritantes presentes em certos processos de couro, borracha e até alguns móveis. A exposição contínua ou elevada a estas substâncias pode afetar negativamente o sistema nervoso central, manifestando-se em perturbações de humor ou sintomas depressivos.

Em uma rotina tão acelerada, na qual frequentemente negligenciamos valores como harmonia, beleza e simplicidade, as plantas assumem um papel ainda mais precioso. Em ambientes marcados por desarmonia arquitetónica, estrutural ou decorativa, podem tornar-se verdadeiros aliados silenciosos, capazes de reequilibrar a energia, restabelecer a calma e trazer naturalidade aos espaços em que vivemos.
Em ambientes muito abertos, com forte energia yang ou espaços com muita energia metal — normalmente decorados com cores claras e de forma funcional — é saudável e harmonizador colocar plantas e outros elementos naturais de forma proporcional, equilibrando a atmosfera e tornando o espaço mais acolhedor e vital. A sua presença viva promove equilíbrio, serenidade e renovação. Escolher espécies adequadas, mantê-las saudáveis e posicioná-las com consciência pode transformar a casa num lugar de bem-estar, vitalidade e conexão com a natureza.
Falando sobre este equilíbrio entre natureza e espaço, nos últimos anos desenvolveu-se o design biofílico, a arte de trazer a natureza para ambientes construídos, hoje considerada uma verdadeira filosofia de bem-estar. Esta visão contemporânea entrelaça-se perfeitamente com os princípios antigos do Feng Shui, que há milénios ensina como tirar proveito das energias da natureza através da disposição harmoniosa dos elementos.
Ambos se baseiam na ideia de que a natureza não é um ornamento, mas uma presença viva que influencia profundamente o nosso equilíbrio físico, mental e espiritual. Plantas, luz natural, materiais orgânicos e o fluxo de ar tornam-se canais de energia (ch’i) que estimulam vitalidade e serenidade. Enquanto o Feng Shui nos guia sobre onde e como posicionar os elementos para favorecer o fluxo harmonioso, o design biofílico ensina-nos quais elementos escolher para despertar os nossos sentidos e reconectar-nos com a Terra.
Juntos, criam ambientes que não são apenas bonitos de viver, mas espaços que respiram connosco — casas que nutrem, protegem e regeneram.
No Feng Shui, para além das qualidades biológicas — como purificar o ar ou melhorar a humidade —, as plantas possuem ainda profundo significado simbólico. A forma de cada planta determina a sua correspondência com uma fase específica do ch’i, representando um aspeto particular da energia vital do Feng Shui.
Exploramos uma panorâmica:
Elemento / Fase do Ch’i | Significado / Energia | Plantas Recomendadas | Características |
Madeira | Ascensão, crescimento, vitalidade, novos começos | Bambu da sorte, Ficus, Dracaena, Filodendro | Folhas altas e esguias, crescimento ascendente, símbolo de expansão e renovação |
Fogo | Paixão, energia, motivação, transformação | Aloe Vera, Strelitzia reginae (Ave-do-Paraíso), Agave, plantas com flores vermelhas ou laranja, Cactos | Cores quentes, flores vistosas, folhas pontiagudas ou dinâmicas, energia estimulante |
Terra | Apoio, estabilidade, enraizamento, nutrição | Jasmim grandiflorum, Guzmania, plantas frutíferas | Folhas estruturadas, crescimento exuberante, presença estabilizadora e nutritiva |
Metal | Clareza, foco, precisão, manifestação | Plantas cinza-esverdeadas, Crassula ovata (Árvore-da-jade), Pilea | Folhas arredondadas, frequentemente sem flores, formas limpas que promovem ordem e reflexão |
Água | Fluxo, introspeção, fluidez, profundidade emocional | Bambu na água, plantas palustres, samambaias verde-escuro, Pothos, Orquídeas (quando deixadas crescer livremente) | Plantas que gostam de humidade ou proximidade com água; crescimento pendente ou rastejante que evoca movimento e continuidade |
No Feng Shui, não basta ter uma planta saudável — é igualmente importante escolher a espécie e a forma corretas de acordo com o tipo de energia que se pretende ativar nesse canto específico da casa.
No entanto, não nos devemos esquecer de que, muitas vezes, são as próprias plantas que “escolhem” onde querem prosperar. Se houver cantos onde simplesmente não crescem, pode ser útil perceber se o problema está relacionado com o fluxo de energia do espaço ou devido a outros fatores, como luz insuficiente ou temperatura inadequada.

